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Encontros entre Cetáceos podem revelar laços surpreendentes entre baleias e golfinhos


Como uma cena que poderia ter saído de um conto infantil, baleias e golfinhos, membros da mesma grande ordem dos cetáceos, que possui espécies distintas, cada uma com suas belezas únicas. Essas espécies se encontram no vasto oceano, e muitas vezes se ignoram. Porém, quando não se evitam, surgem encontros que se tornam objeto de estudo para cientistas marinhos.


Em 2022, o que poderia ser apenas mais um grupo de cachalotes (Physeter macrocephalus) atravessando um barco de cientistas, no Oceano Atlântico perto dos Açores, não passou despercebido. E por uma bela surpresa: Um golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) adulto acompanhava o grupo das gigantes dos oceanos.


Dois botos-cinza nadando lado a lado. O da direita está com a cabeça e a nadadeira dorsal visíveis fora da água e o da esquerda apenas com a nadadeira dorsal visível.
Foto: Getty Images.

A cena surpreendeu os cientistas pois parecia que o grupo havia “adotado” o pequenino, visto que, o golfinho possuía uma curvatura na dorsal, e os cientistas acreditavam que isso fosse uma deficiência congênita, o que dificultava sua capacidade de acompanhar seus parentes mais rápidos. As cachalotes, por outro lado, pareciam estar mais alinhadas com o ritmo do golfinho, e o grupo o aceitou como parte de sua comunidade.


O fato de um golfinho nariz de garrafa ser acolhido por um grupo de cachalotes tão imponentes levanta questões interessantes sobre as capacidades sociais dos cetáceos. Seria o comportamento uma demonstração de empatia entre esses animais ou uma estratégia de sobrevivência mútua?


Anos antes, em 2019, a equipe de pesquisa do projeto Amigos da Jubarte, vivenciou uma experiência parecida com a dos cientistas americanos, no Espírito Santo (BR). Durante a temporada, um grupo de golfinhos, também nariz-de-garrafa, se aproximou do barco da equipe. Logo um tempo depois, um grupo de baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) se aproximou e começou a interagir com os golfinhos.


Para o oceanógrafo Agnaldo Martins, é quase impossível ter a certeza do porquê deste comportamento, pois não dá para relacionar com nada que tenha uma função clara para a sobrevivência. 


“Há muitos comportamentos como esse que são interpretados como simples brincadeiras ou distração, mas desconheço uma situação que tenha sido comprovado o seu motivo. Essas interações  entre baleias e golfinhos em áreas tropicais, como o Espírito Santo, não parecem ter uma função clara de sobrevivência, podendo ser apenas uma brincadeira ou passatempo”, afirma Martins.


De certo modo, existem observações que documentaram comportamentos cooperativos entre esses animais marinhos, como caçar em conjunto e até adotar filhotes órfãos, indicando que essas espécies podem formar laços sociais e cooperativos. Além disso, há registros de golfinhos montando nas cabeças de baleias-jubarte, sugerindo a possibilidade da existência de uma relação amistosa e lúdica entre espécies. 


Essas observações reforçam a ideia de que, no oceano, os vínculos entre diferentes espécies são mais prevalentes do que se imaginava, desafiando a visão tradicional de competição, hostilidade e sobrevivência individual.


Autor: Ygor Brito


 

🐬 O Projeto Golfinhos do Brasil é uma realização do @institutoocanal em parceria com a @cesan_oficial, e apoio da @vitoriaonline, através da Secretaria de Meio Ambiente, @ufesoficial e da agência @capitaogriloes.

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